Detalhes e Pormenores

Archive for Novembro 1st, 2009

amizade-folhas

A semana foi especial em termos de vivências relacionadas com a humanização, quer no terreno quer na reflexão.

A humanização dos cuidados de saúde em geral e dos cuidados de enfermagem em particular é, um tema fulcral da vida do quotidiano de quem os presta (os cuidados), que não pode nem dever tornar-se vulgar. Porque a prestação de cuidados é um caminho de procura de perfeição, nunca acabado, nunca perfeito e apenas possível na configuração do perfeito – aquele ideal que todos possuem. Sim! Porque todos nós temos um ideal de perfeição, embora que a perfeição não seja possível, a excelência é possível.

Os caminhos da evidência assim o mostram e, que quando partilhados se tornam do conhecimento de todos aqueles a quem a humanização pré-ocupa.

Ainda surge a questão – o que é a humanização? Sem resposta completa, penso o conceito como multifacetado e multidimensional. Enquanto acto, tem um efeito de humanizar, tornar humano, mais sociável, mais ao alcance de todos nós, seres humanos, porque é nosso, é relativos a todos e a cada um de nós, porque é bom, porque é atento, presente, pró-activo e compassivo, interessado, próximo e que toca, afecta, revolve e envolve em partilha de momentos significativos e marcantes, que visa o bem-estar e o conforto, que respeita a dignidade humana e a liberdade do Outro e a nossa.

É o nosso agir, pois sim. E na prática docente, discente e também na prática clínica faz a diferença e torna-se significativo, tanto para quem presta o Cuidado como para quem o recebe.

Do vivido, pensado, reflectido (entre outros 🙂 ) passo à partilha:

No (re)encontro diário deparo-me com a dor, o sofrimento, o desespero, a angústia e a incerteza de quem recorre aos cuidados de saúde. O primeiro cuidado que as pessoas encontram, é o cuidado de enfermagem – a triagem – pois escrevo sobre um serviço de urgência pediátrica. Na consciência dos que triam, está a humanização, como acolhimento, como símbolo de recepção, a porta de entrada de um percurso hospitalar que se apresenta como desconhecido e incerto para quem ali (re)corre. E porque se trata de uma população especialmente vulnerável e frágil, torna-se um mundo…elas – crianças – e os pais, os conviventes significativos, os educadores que os acompanahm, etc.

A nós marca-nos definitivamente o reencontro daqueles que foram alvo de cuidados há uns anos atrás e, que o presente mais uma vez nos entrega nas mãos, por força das circunstâncias – porque se lembram do nome, dos cuidados, porque sorriem, porque se mostram felizes no reencontro. Sem dúvida, todos especiais, cada um a seu modo!!!

Em honra das mães e pais coragem, que com os filhos nos braços nos sussurram entre lágrimas e sorrisos – Eu não tenho ninguém que me ajude… – deixo para reflexão:

Procura-se um Amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração.
Precisa saber falar e saber calar; sobretudo, saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, do sol, da lua,
do canto dos ventos e do murmúrio das brisas.
~~~
Deve ter amor, um grande amor por alguém,
ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar ao próximo e respeitar a dor que todos os passantes levam.
~~~
Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem mesmo é imprescindível que seja de segunda mão;
pode já ter sido enganado (todos os amigos são enganados).
~~~
Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro,
mas, não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perde-lo; no caso de assim não ser,
deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
~~~
Tem que ter ressonâncias humanas; seu principal objectivo deve ser de ser amigo;
deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve ser D. Quixote sem, contudo, desprezar Sancho Pança.
Deve gostar de crianças, lastimar as que não puderam nascer
e as que não puderam viver.
~~~
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos;
que se comova quando chamado de amigo;
que saiba conversar de coisas simples, de orvalho, de grandes chuvas
e de recordações da infância.
~~~
Precisa-se de um amigo para não enlouquecer,
para se contar o que se viu de belo ou de triste durante o dia,
dos anseios e das realizações,
dos sonhos e da realidade.
~~~
Deve gostar de ruas desertas, de poças de chuva,
de caminhos molhados, de beira de estrada,
do mato depois da chuva e de se deitar no capim.
~~~
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver,
não porque a vida é bela,
mas porque já se tem um amigo.
~~~
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar,
para não se viver debruçado no passado
em busca de memórias queridas.
~~~
Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro,
sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo.
Precisa-se de um amigo que creia em nós.
Precisa-se de um amigo
para se ter consciência de que ainda se vive.

AD

A todos Bem Hajam


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Pudera eu ter o dom de um poeta ou músico... para ser capaz de colocar em verso ou melodia o sentimento e o valor de uma amizade!

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